domingo, 5 de dezembro de 2010
Mormaço: Carnaval, Sobe e desce ladeira
Como num samba as coisas vão indo de ladeira em ladeira, sobe desce morro, vira dobra esquina e num pelejo dos andantes sempre esbarramos em qualquer canto, no lugar onde você deve chagar num desejo de você ate encontrar, sobre e desce ladeira, caso ocorra um lajedo sombreado o sol sempre vindo amenizar nossa cuca, sobe desce ladeira, num pelejo dos andantes, sempre tem uma boca, pra arrepiar num toque só, escorrega um molhado bom, e num segundo a mais do olhar se desfazer na multidão, e sobe e desce ladeira, sol batendo na nuca e no final do dia encontrar no carnaval a mina, e levar pra um sobe e desce ladeira, num estrondo entrar, ver as cortinas se abrir nas línguas, brincar com a perversão da temporada, o corpo mastigar, quente como asfalto os lábios se tocar ate sufocar e lembrar que tudo foi de um encontro casual, sobe e desce cladeira, quanto mais quero mais, ate perco a voz em quere pedir mais, me derreto em suor só pra você, entre gemidos e o mormaço que espalha o ventilador, quero mais quanto mais quero, em meus sentidos apurados ardente lábios como o asfalto, e sobe desce ladeira, como uma morada boa estou quente em você, de saia rodada vejo tu partir, mesmo depois de te adular um tiquinho pro meu, querendo qualquer coisa que te guarde aqui, mas hoje você me deixou, quer dizer, hoje você me deixou de novo, mas isso é sentimento que nunca se estraga, o que quer que tenha tido não se estragou, mesmo numa noite quente como essa, sobe desce ladeira, o tempo todo vi você querendo olhar pra mim, como uma mensagem pra eu te querer, e eu não consigo me controlar, tenho um demônio na carne, te vejo usar os dedos pra provocar sensações proibidas, a cortina se abre e é o fim, quarta-feira ingrata chega tão depressa que num dar nem pra aproveitar, sobe e desce ladeira, o que fica é a saudade de ouvir o estalo do meu canhão, lembro de sua unha em minha carne, dentro e fora de você, alem da minha língua abrindo as cortinas, ativando os calafrios sentindo tua pele febrilmente esquentar, e nas ultimas de um certo bacalhau mais uma vez sobe e desce ladeira, espero no mormaço do ano que vem denovo te encontrar ardente e quente como o asfalto.
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